Ela corre abaixada em direção à barricada, ouvindo seus passos logo atrás dela. Ao som de tiros vindos em sua direção, os dois se atiram no chão, rastejando até conseguirem abrigo.
– Acho que essa barricada vai nos proteger por enquanto. – ele diz à parceira, recostando-se na barreira, enquanto recarrega seu rifle.
– Sim. Mas nós precisamos sair daqui o mais rápido possível. Vamos ter que abortar a missão.
– Não agente Scott. Precisamos continuar.
Ela fita o parceiro com os olhos arregalados, segurando firme o rifle pesado em suas mãos. Uma granada explode perto deles, jogando estilhaços em sua direção. Eles se jogam no chão com os braços protegendo a cabeça. Assim que o barulho ensurdecedor acaba, eles se posicionam na altura da barricada para atirar.
– Carter, a situação está fora de controle. – ela fala, e logo em seguida avista um dos inimigos e o acerta em cheio no meio da testa.
– Belo tiro Scott. – ele meneia a cabeça na direção dela e ela assente.
– A gente precisa atravessar a rua em direção àquele prédio em ruínas. Eu vou primeiro. Me dê cobertura Carter.
Ele assente, posiciona o rifle no automático, e começa a atirar. Ela se arrasta até um carro estacionado perto de onde estão. Dá uma ultima olhada para o parceiro quando este grita.
– Ei Scott, ta afim de tomar um café? – dando um meio sorriso, sem tirar o dedo do gatilho.
– Acho que hoje não vai dar. – ela grita de volta, balançando a cabeça. Ele conseguia fazer piada até nas horas em que corriam perigo. Era inacreditável.
Em seguida, ela se ergueu e correu atravessando a rua o mais rápido que pode. Quando estava a apenas alguns passos do prédio, passando por uma árvore na calçada, pode ouvir a madeira se espatifando por causa de uma bala, na altura de sua cabeça. Estremeceu, com o fato de quase ter levado um tiro, mas conseguiu chegar ao destino. Ela estava bem, agora precisa ajudar Carter.
Posicionando-se da melhor maneira possível atrás de um buraco na parede lateral, no local onde provavelmente tinha sido uma janela. Abriu fogo em direção aos atiradores, dando cobertura ao parceiro. Ele não precisou de um segundo aviso para se arrastar da barricada e correr em direção à Scott.
– Boa garota. – disse ele ao chegar ao lado dela. – Precisamos ir em direção aos fundos do prédio. Eles estão se aproximando rápido demais. – ela apenas assentiu, trocou o pente do rifle e correram abaixados até um cômodo mais intacto do prédio.
Ela fez sinal com a cabeça para Carter ir para o outro lado.
– No três. – disse ela.
Em seguida entraram no cômodo atirando.
– Limpo. – disse ele.
Prosseguiram pelo corredor, tomando cuidado em cada sala que passavam para não caírem em uma armadilha. Chegando ao fim do corredor, Carter segurou o braço de Scott.
– Espere pelo meu sinal. Eu vou na frente.
Sem esperar pelo consentimento da agente, ele se esgueirou até a sala do outro lado de um pequeno saguão que dava para a rua. Foi então que Scott viu uma pequena granada rolando para dentro da sala. Seus olhos se arregalaram e ela foi tomada instantaneamente pelo pavor.
– Carter! – ela gritou o mais alto que pode.
Ele se virou para ela, mas tinha sido tarde demais. Quase que imediatamente ela viu o corpo dele sendo arremessado para trás com uma força sobrenatural e uma bola de fogo subindo pelo teto. O impacto da exploração também a atingiu fazendo-a cair para trás, quase batendo com a cabeça na parede que ladeava o corredor. A fumaça encheu o ambiente.
– Corta. – disse o diretor. – Bom trabalho pessoal. Está encerrado por hoje.
A agente Scott, na verdade Norah Crawford, levanta-se e retira-se do cenário. Estava acabada, o dia tinha sido muito longo. Mas ainda assim valia a pena. Ser atriz era mais que uma profissão, era um hobbie, era o que realmente gostava de fazer.
– Bom trabalho Norah. – um dos rapazes responsável pela manutenção do cenário, falou ao passar por ela.
– Obrigada Phil.
– Toca ai Norah. – outro funcionário a cumprimentou. – Estava incrível.
– É foi um dia puxado. Mas acho que foi bem proveitoso. – ela sorriu.
Prosseguiu em direção ao seu camarim, abrindo um copo d'água que um dos assistentes lhe ofereceu e deu um longo gole. Mal podia esperar para ir para casa, tomar uma ducha quente e se jogar na cama. Enquanto caminhava podia ouvir o pessoal parabenizando Max também – o ator que protagonizava o agente Carter. Ela nutria sentimentos um tanto interessantes por ele, e achava que ele também. Possuíam uma química incrível durante as gravações. Mas ela não era do tipo que dava o primeiro passo.
– Você esteve ótima hoje. – era ele, caminhando logo atrás dela.
– Obrigada. Você também se saiu muito bem.
– Ei Norah! – ele segurou seu braço para fazê-la parar a caminhada. Ela se virou em sua direção, sentindo o braço formigar debaixo daquela mão robusta – Tá a fim de tomar um café? – Falou ele no mesmo tom que seu personagem.
Ela sorriu por dentro, quase gritando, mas se manteve impassível.
– Se for pra eu dizer a fala do filme também, acho que hoje não vai dar. – ela se vira com um sorriso maroto no canto da boca.
– Na verdade... – ele se adianta e para em frente a ela – Eu estava esperando a fala de Norah Crawford. – Ele levanta uma das sobrancelhas, deixando um leve sorriso escapar, aguardando sua resposta.
Ela o encara séria. Então sorri mostrando seus dentes brilhantes.
– Nesse caso... eu adoraria! – A casa e a ducha quente poderiam esperar por mais algumas horas.