"Quem escreve constrói um castelo, e quem lê passa a habitá-lo." Silvana Duboc


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Inalcançável


Eu olhava a imagem daquela mulher no espelho. Com seus cabelos longos e castanhos, olhos de mesma cor que expressavam uma profundidade sem igual, capaz de fazer uma pessoa se perder em tal abismo. O rosto de formato oval, com bochechas avantajadas e lábios delineados de forma perfeita e levemente volumosos. Ao mesmo tempo em que aquele rosto era tão familiar, parecia cada vez mais distante do que um dia foi.
Eu vinha buscando de tantas formas vencer as feridas do passado, tentando me punir de certa forma, e tentando levar uma vida normal. Até que certo dia, em que as coisas não pareciam muito bem, ele apareceu para dar em minha vida um giro de 360°. E ao completar a volta perfeita dos 360° voltei ao ponto inicial. Onde nada mais existia a não ser eu mesma e uma dor interminável.
Sim, era difícil de aceitar que eu tivesse retrocedido àquele reflexo novamente. Retornado a uma vida vazia onde o tempo era meu próprio inimigo. Inimigo esse com o qual eu lutava me afundando cada vez mais e mais em trabalho e estudos. Eu não entendia o real sentido da minha existência. Tudo parecia tão errado. Eu não parecia me encaixar com nada existente nesse mundo. E a pequena parte a quem eu pude me atrever a pensar que pertenceria, descobri já pertencer à outra.
Mas o pior de tudo, é que eu já estava completamente envolvida. A dependência que eu sentia era algo incapaz de ser mensurado. E ao analisar as alternativas e as possibilidades, era fácil constatar que eu não possuía chances. Eu não podia lutar contra anos de boas lembranças, de convívio mútuo, cumplicidade, sonhos almejados em sintonia e acima de tudo muito amor. O que eu significava diante de tudo isso? Eu sabia essa resposta tanto quanto gostaria não saber. E a resposta era NADA. Eu não podia lutar contra isso. E eu sabia que também não seria justo fazê-lo. Alguém sairia machucado. Mas como tudo sempre volta onde começou, o sofrimento pertenceria somente a mim.
Ao mesmo tempo em que me convencia disso, percebia o quanto dependente eu estava dele. O quanto eu desejava estar perto embora não da maneira como gostaria. Mas eu precisava estar perto. E talvez isso bastasse. Sentir seu cheiro, ouvir sua doce voz que me tranqüilizava fazendo esquecer o meu trágico mundo. E olhar no fundo daqueles olhos encantadores onde eu poderia me perder para sempre, sem me preocupar em procurar o caminho de volta. Talvez isso fosse o mais perto da felicidade que eu poderia chegar. Apenas contemplar aquele por quem meu coração um dia, havia tido a pretensão de se apaixonar.


Fragmento de "Uma Razão Para Viver" de Pâmela Ferreira.

3 comentários:

  1. Nem preciso dizer que essa é uma das minhas histórias favoritas de sua autoria, né?! Amo! Mal espero para saber como acaba! ♥

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  2. Baah nem me fale!
    A Pâ sabe que essa também é a minha história favorita, *-*
    Parabéns pelo blog meo amor! ♥

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  3. Bell Ferreira: Não, não precisa :p E obrigada Bel :D
    Eℓis: Brigada amor :D Quem sabe um dia eu termino ela :p shauhsa

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