"Quem escreve constrói um castelo, e quem lê passa a habitá-lo." Silvana Duboc


segunda-feira, 13 de setembro de 2010


Eu a vi, no leito do hospital. Mas o que eu vi, não era o que eu esperava. A visão dela deitada, imóvel, sonolenta, tão frágil, foi como um choque. Estremeci por dentro, meus olhos arderam com as lágrimas prestes a explodir numa onda de dor, como uma porta de escape para a dor esmagadora dentro do peito. Mas reprimi o choro, o segurei com todas as forças, afinal eu precisava ser mais forte naquela hora, não por mim, mas por meu pai. Eu sabia que se eu chorasse naquela hora, ele desmoronaria, embora seja difícil pra mim, pra ele é mil vezes mais. É a minha avó, mas é a mãe dele. Acho que no final, a minha dor acaba duplicada, porque a dor aumenta por vê-lo desolado, magoado, triste. Seu eu pudesse privá-lo da dor, eu o faria, e a sentiria por ele. Somos tão parecidos nisso, sentimos as emoções de maneira tão extrema, forte demais, algo além do normal. A dor nos atinge quase implacável. Eu sei que todo mundo sofre, mas sei que por alguma razão, a intensidade e a profundidade com que sentimos é diferente, é sufocante. Eu o amo tanto, que chego a ser egoísta, porque no fim acabo me preocupando mais com a tristeza dele. Quero muito que minha avó supere essa fase tão complicada e triste, quero ver minha avó como antes. Mas também quero que ela melhore pra não ver meu pai assim de novo. Dói demais. Dói duplamente.  

Vózinha, eu te amo, e tenho fé que a vó vai sair dessa, força vózinha. Pai te amo muito, e sei que Deus vai te dar forças, e eu vou estar aqui, ao seu lado, sendo incapaz de acabar com a sua dor, mas incansavelmente disposta a dividi-la!
À minha doce e amada avó, Etelvina; e ao Elry: meu exemplo de honestidade, caridade e simplicidade, meu herói, meu pai!

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